quinta-feira, 4 de junho de 2020

Diário da pandemia

Fazia tempo que não aparecia por aqui. Mas resolvi que tudo que estamos passando  e eu particularmente estou vivenciando deveria ficar registrado, para quem sabe no futuro trazer recordações. 
Como professora da área biológica sempre me via à mente a ideia de que um dia estaríamos a mercê, reféns de inimigos microscópicos, seres mutantes capazes de destruir parte da humanidade. E hoje quem diria, é o que vivenciamos. O mundo virou de ponta cabeça e nos tirou de toda e qualquer zona de conforto.  O inimigo é  invisível  e pode estar em qualquer lugar. Longe do contato dos meus alunos, eles estão cada dia mais presentes, eles estão aí próximos virtualmente e a qualquer hora, mas ao mesmo tempo distantes, separados por uma burocracia tamanha, são papéis e papéis a preencher pra evidenciar  que eles estão  ali próximos. Alguns estão  se perdendo  no caminho sem rumo, mas muitos não veem a hora de do retorno. E eu  também. 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Canudos biodegradáveis e comestíveis

Os meus alunos: Aline Cristiane Molena, Alex Aparecido Vidotto, Ariane Guerra, do IV módulo do Curso Técnico em Química, da ETEC Amim Jundi da cidade de Osvaldo Cruz,  estão  desenvolvendo na disciplina de Desenvolvimento de Trabalho de Conclusão de Curso, um canudo biodegradável e comestível, a partir de polissacarideos naturais.
A pesquisa teve início no III Módulo do curso, na disciplina de Planejamento de Trabalho  de Conclusão de Curso, a partir da preocupação dos alunos com a poluição ambiental.
Depois de realizar uma pesquisa teórica sobre os materiais constituintes dos canudos convencionais e também  sobre possíveis materiais alternativos, o material escolhido para o desenvolvimento do produto foi a pectina.
Ela é um polissacarideo natural presente principalmente na casca de certas frutas e por isso pouco aproveitada na indústria de alimentos.
O projeto está em fase de aprimoramento, demonstrando resultados muito positivos.
Depois da pesquisa concluída,  o material produzido será de grande valia econômica e ambientalmente, uma vez que irá aproveitar parte de frutas que normalmente são descartadas no lixo e contribuir para diminuição  da poluição ambiental ocasionada pelo descarte dos canudos plásticos após a sua utilização, fato este que vem a cada dia ganhando mais atenção no mundo, em virtude dos efeitos negativos que esse material  causa, principalmente, na biota marinha.

Nós fomos entrevistados por jornalistas locais, onde pudemos mostrar os canudos já produzidos que estão em fase de testes.





Estou muito orgulhosa de auxiliar na pesquisa, quem sabe num futuro próximo teremos nossos canutos disponíveis nos estabelecimentos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O plástico ficou ecológico


MENOS POLUENTE

O plástico ficou ecológico

Matérias-primas renováveis como cana-de-açúcar e milho são usadas para produzir plásticos menos agressivos ao meio ambiente

-  A  A  +
{txtalt}
No tempo que você levará para ler esta reportagem, cerca de 50 000 sacolinhas plásticas serão consumidas no Brasil. A média nacional é de 1,5 milhão por hora. Embora representem pouco individualmente, os saquinhos de supermercado formam um volume enorme de lixo, que pode demorar vários séculos para se decompor no ambiente. Como reduzir o impacto causado pelo plástico na natureza é uma preocupação crescente. Por isso, ganham cada vez mais espaço as iniciativas de produzir plástico a partir de matérias-primas renováveis, como a cana- de-açúcar e o milho.

Universidades e empresas trabalham em projetos conjuntos para identificar novos materiais e formas de melhorar as aplicações dos plásticos de origem renovável. Existem várias linhas de pesquisa e produção, que geram produtos recicláveis e/ou biodegradáveis. Uma peça plástica que será usada por muitos anos, por exemplo, não precisa ser biodegradável, mas é importante que seja reciclável. Já uma sacola de supermercado, que provavelmente será usada para acondicionar lixo doméstico, deve ser biodegradável.

Nos laboratórios da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, os pesquisadores produzem plásticos a partir de amido de mandioca. Os estudos já são feitos há dez anos e nos últimos quatro eles passaram a incorporar também uma porcentagem de fibra de cana-de-açúcar. “Começamos a ver que havia dificuldades na produção porque a mistura não era adequada para o processo industrial”, diz Fábio Yamashita, professor do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UEL. Mais recentemente, os pesquisadores decidiram misturar o amido de mandioca a um polímero fabricado pela Basf ainda com origem petroquímica, o Ecoflex. O resultado foi um produto com algumas das características de que a indústria precisa.

Com a mistura foi possível testar o uso do plástico biodegradável em atividades no campo. Os principais usos até agora foram para a cobertura de campos para a plantação de morango, o ensacamento de goiabas na fase de crescimento, para evitar o ataque de pragas, e a embalagem de mudas de plantas medicinais, em saquinhos que geralmente são retirados antes do plantio. Os testes nos campos de morango foram feitos em escala commercial e mostraram que é preciso calibrar a velocidade de degradação do filme plástico. “Ele começou a se deteriorar antes do tempo”, afirma Yamashita. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista, há estudos na mesma linha. A engenheira de materiais Marília Motomura trabalhou com amido de mandioca, fibra de coco e serragem de madeira. Ela misturou as matérias-primas ao Ecoflex para ampliar as opções de uso do plástico biodegradável, que pode ficar mais rígido ou flexível, por exemplo. Essas características são fundamentais para determinar que tipo de produto final é possível produzir. “A aplicação ainda é restrita. Apenas as peças feitas por processo de extrusão já estão sendo vendidas”, diz Marília.

A INDÚSTRIA INVESTE PESADO

Diante da demanda global por attitudes mais verdes, as empresas precisaram se munir de alternativas para oferecer ao mercado. A Braskem, oitava maior petroquímica do mundo, abriu em setembro do ano passado sua primeira filial destinada a produzir apenas plástico verde. A fábrica, que fica em Triunfo, no Rio Grande do Sul, recebeu 500 milhões de reais de investimento e tem capacidade de produzir 200 000 toneladas anuais de plástico verde. A estratégia adotada pela Braskem é usar etanol como matéria-prima.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Segurança em laboratório

Segurança no Laboratório

Um laboratório é um local de trabalho com potenciais riscos de acidente, dado que se manipulam substâncias com perigosidade considerável, que se indevidamente utilizadas, podem causar danos graves de grandes repercussões.

Existem regras básicas, que se impõem a quem trabalha neste meio, nomeadamente o uso de equipamentos de protecção individual. A bata branca de algodão é um instrumento obrigatório, dada à sua reduzida inflamabilidade. O uso de luvas e óculos também é fundamental. Estar num laboratório sozinho não é aconselhado, pois em caso de acidente, ninguém poderá socorrer.

Porém, a lista de cuidados é muito mais vasta e todos eles carecem de uma atenção especial da parte dos técnicos e todos aqueles que entrem num laboratório :
  • não usar anéis ou pulseiras : manuseamento de produtos químicos, podem deixar resíduos que não devem contactar com a pele. Além de que se tornam incómodos na manipulação de materiais diversos.
  • cabelos quando compridos devem estar presos : podem entrar em contacto com produtos químicos, fogo, ou dificultar a observação uma vez que limita o campo de visão.
  • Atenção ao calçado : não se deve usar ténis de lona, sandálias ou sapatos de salto alto. O uso de calças é favorável em relação às saias. Não usar meias de nylon;
  • Nunca se deve esfregar os olhos nem se deve tocar na pele com as luvas, pois estas contêm resíduos tóxicos e perigosos.
  • Sempre que se sai de um laboratório deve-se lavar as mãos, para evitar contaminações
  • Nunca se deve pipetar líquidos com a boca, mas usar os meios adequados à medição do liquido.
  • Deve-se analisar/testar sempre os equipamentos e materiais que se vão usar. Verificar o funcionamento e vedagem das ampolas de decantação antes de começar a trabalhar. Fazer as montagens de material de modo a que não haja tensão entre as várias peças de vidro;
  • Não se pode comer, beber ou fumar num laboratório.
  • Deve existir sistemas de ventilação, para evitar temperaturas altas e propicias a riscos de incêndio/explosão.
  • Manipulação de reagentes com tendência a formar vapor tóxico e irritante, deve ser efectuada na hotte.
  • Tapar sempre os frascos de reagentes e  arrumá-los uma vez usados;
  • Não acumular material sujo em cima da bancada. passá-lo por água e colocá-lo para lavar após o uso;
  • Recolher vidro partido para recipiente adequado. Os cacos grandes são apanhados com pá e escova e os pequenos com algodão humedecido:
  • Ao diluir um ácido em água verter lentamente o ácido na água e não o inverso;
  • Rotular todos os recipientes;

Materiais comuns em laboratório

[mat+lab.bmp]

segunda-feira, 7 de março de 2011

Lixão verde

A cidade das meninas


Em Jardim Olinda, no Paraná, nascem muito mais mulheres do que homens. Um estudo revela que o motivo é a contaminação da população por agrotóxicos. Eles desequilibram o sistema endócrino, favorecendo o nascimento de bebês do sexo feminino

-  A  A  +
Leandro Narloch, de Jardim Olinda
Revista Veja - 07/01/2009
Na cidade de Jardim Olinda, no norte do Paraná, com 1 600 habitantes, há mais garotas do que garotos jogando futebol nas ruas. A maior parte das famílias tem mais mulheres do que homens e, nos fins de tarde, é comum ver grupos só de irmãs sentadas na frente das casas. Essa predominância feminina ocorre porque há duas décadas nascem muito mais meninas do que meninos em Jardim Olinda. Em 2005, só 32% dos nascimentos foram de homens. No ano anterior, apenas 26%. Na média dos últimos sete anos, 61% dos partos trouxeram à luz bebês do sexo feminino. O fenômeno não é obra do acaso. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública mostra que em Jardim Olinda e em outras sete cidades do norte paranaense essa supremacia ocorre por causa da contaminação da população por agrotóxicos.
Reprodução{txtalt}

Algumas substâncias presentes nesses produtos são confundidas com hormônios pelo organismo, desequilibrando o sistema endócrino e favorecendo a fecundação por espermatozoides com carga genética feminina. Entre os produtos com maior potencial de influir no sistema endócrino estão os inseticidas à base de cloro, como o DDT e o BHC. Na década de 80, esses inseticidas foram aplicados largamente nas plantações do norte do Paraná, deflagrando um processo que culminou na disparidade entre o nascimento de homens e mulheres. "Com grande resistência à decomposição, os pesticidas se acumulam no lençol freático e entram na cadeia alimentar humana por meio da água e dos animais que comem plantas contaminadas", explica o toxicologista Sergio Rabello, da Fundação Oswaldo Cruz.

Parte dos agrotóxicos usados no passado só agora produz efeitos nocivos. "Toneladas de BHC, enterradas pelos agricultores décadas atrás, estão chegando aos rios", diz Rasca Rodrigues, secretário do Meio Ambiente do Paraná. Embora proibidos há vinte anos, os pesticidas organoclorados ainda são usados clandestinamente e poluem os rios paranaenses – em agosto, a cidade de Arapongas teve o abastecimento de água cortado por causa da contaminação por agrotóxicos. Os irmãos Otaviano e José de Lima Pereira, agricultores, moram desde pequenos a 70 metros da roça. "Aos 12 anos eu já aplicava veneno nas plantações de algodão duas vezes por semana", diz Otaviano. Ele hoje tem dois filhos – duas meninas.

Na casa ao lado mora o irmão, pai de quatro filhos (três são garotas). "Tentei até demais ter um menino, mas desisti", conta a dona-de-casa Ana Schmitz, mulher de boia-fria e mãe de seis filhas. O desequilíbrio entre os sexos altera a rotina dos moradores de Jardim Olinda. "Só dá mulher nos bailes", diz Cleuza Antonia de Oliveira, coordenadora do Clube de Mães da cidade, que tem duas filhas, um filho e três netas. "Não fossem os homens de fora, nós estaríamos perdidas", brinca a atendente da única farmácia do município, Edivaneide Marcelino. Entre os quarenta alunos da aula de caratê da prefeitura, 25 são garotas.

A pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública foi feita no Paraná porque o estado é o único que dispõe de dados sobre a venda de agrotóxicos nas décadas passadas, mas supõe-se que o mesmo fenômeno ocorra em outros lugares do Brasil. Um relatório divulgado em dezembro pela ONG inglesa Chem Trust, baseado em duas centenas de estudos internacionais, mostra que já houve aumento anormal da população feminina em regiões da Itália, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Japão. O relatório informa que vários animais também têm seus hormônios afetados por causa do contato com determinados produtos químicos, entre eles os peixes, os sapos e as rãs. "Os vertebrados têm receptores hormonais parecidos. Por isso a alteração no sistema endócrino é comum a várias espécies", disse a VEJA a bióloga Gwynne Lyons, autora do relatório. Para as mulheres de Jardim Olinda, a expressão "está faltando homem" é uma dura realidade.